EUA: Eclipse solar atrai milhões de pessoas e tem até casamento coletivo

 
EUA: Eclipse solar atrai milhões de pessoas e tem até casamento coletivo

09/04/2024



A  febre do eclipse solar total tomou conta da América do Norte nesta segunda-feira. Milhões de pessoas em México, Estados Unidos e Canadá viram neste fenômeno celeste de tirar o fôlego uma rara oportunidade científica, comercial e até sentimental: foram planejados festivais, experimentos científicos e até um casamento coletivo ao longo dos territórios onde o evento pode ser observado, transformando o dia em noite por alguns instantes.

 

 

Foto: Bobby Godem/USA Today

 

 

"Um eclipse solar total é um dos eventos mais emocionantes que você pode vivenciar", disse a astrofísica Jane Rigby, cientista-chefe do projeto Telescópio Espacial James Webb da Nasa. "Sinta suas vibrações. Você faz parte do universo".

 

 

O entusiasmo é tanto, que alguns canais de TV fizeram contagem regressiva e o fenômeno foi transmitido ao vivo pela Nasa, apresentando imagens de telescópios e comentários de especialistas. As empresas aproveitaram a empolgação para realizar eventos especiais, enquanto hotéis e aluguéis de curto prazo nos principais locais de observação estão lotados há meses.

 

 

A região das Cataratas do Niágara, na fronteiras dos EUA com o Canadá, chegou a declarar "estado de emergência" para controlar o fluxo de visitantes. A mesma medida foi tomada no Texas, nos EUA, onde observadores de todo o mundo se reuniram no parque Stonehenge II, construído em homenagem ao monumento original de Stonehenge, que fica no Reino Unido.

 

 

"Temos pessoas dos 50 estados [dos Estados Unidos], inclusive do Alasca e do Havaí. Há turistas da Holanda, Finlândia, Alemanha, Israel, Nova Zelândia", disse Jennyth Peterson, funcionária do parque Stonehenge II.

 

De olho no Sol

 

Em Cleveland, onde as autoridades locais esperavam cerca de 200 mil visitantes, o Hall da Fama do Rock planejou um "Solarfest" de quatro dias com música ao vivo. E em Russellville, Arkansas, mais de 300 casais trocaram votos em uma cerimônia de casamento coletivo. "A Total Eclipse of the Heart" (“Um Eclipse Total do Coração”), disseram os organizadores, evocando a famosa canção de Bonnie Tyler.

 

 

"Muitas pessoas virão ao nosso estado pela primeira vez e queremos garantir que elas continuem voltando", disse a governadora Sarah Huckabee Sanders, em uma entrevista coletiva no mês passado, estimando que o Arkansas, com seus quilômetros de terreno acidentado e uma série de parques estaduais, pode receber até 1,5 milhão de turistas nesta segunda-feira.

 

 

Os hotéis não são os únicos que viram uma oportunidade de negócios. Companhias aéreas como a Southwest e a Delta anunciaram rotas de voo para ver o eclipse — e as passagens esgotaram. Arranha-céus de Nova York organizaram festas exclusivas e há cruzeiros para ver o eclipse da água.

 

 

Nas zonas de eclipse, estão à venda não apenas óculos para ver o sol sem machucar os olhos, mas também camisetas e lembranças de todos os tipos. Várias redes de fast food lançaram pratos especiais inspirados no fenômeno, e os restaurantes organizaram cardápios e festas temáticas. A empresa de pesquisa Perryman Group estima que os impactos econômicos diretos e indiretos do eclipse deste ano podem chegar a US$ 6 bilhões (mais de R$ 30 bilhões).

 

 

A Krispy Kreme está vendendo o "donut do eclipse solar total", em colaboração com a Oreo — o donut é o sol e o biscoito é a lua passando por ele. A paleta de cores é composta por baunilha e chocolate. A Sonic lançou a bebida slushie blackout com "chips galácticos". A Frito Lay, do Grupo Pepsico, contou com a ajuda de uma astronauta, Kellie Gerardi, para oferecer uma edição especial limitada de chips com sabor de eclipse, com "abacaxi habanero e queijo gouda de feijão preto picante".

 

 

De acordo com a empresa, a receita "mistura ingredientes que lembram o céu ensolarado e os dias brilhantes que se aproximam, ao mesmo tempo em que acena para a Lua com um toque de queijo". Não ficou claro qual é a responsabilidade do astronauta em tudo isso, mas a Frito Lay deixa claro, em um tom de admiração, que Gerardi "literalmente foi para o espaço".

 

Oportunidade científica

Além dos eventos sociais, há também os experimentos científicos. A Nasa lançou três pequenos foguetes antes, durante e logo após o eclipse na Virgínia, no leste dos Estados Unidos. O objetivo era medir as mudanças causadas pela escuridão na parte superior da atmosfera terrestre, a ionosfera, por onde passam sinais de comunicação.

 

 

A coroa solar, a camada externa da atmosfera do Sol, torna-se especialmente visível durante um eclipse e é onde ocorrem as explosões solares. Os pesquisadores ficaram particularmente entusiasmados com o fato de o Sol estar perto do auge do seu ciclo de 11 anos.

 

 

A Nasa também convidou o público a contribuir com uma pesquisa para o seu projeto de ciência cidadã “Eclipse Soundscapes” (“Paisagens sonoras do eclipse”), gravando os sons da natureza. Um comportamento animal surpreendente foi observado durante eclipses anteriores: girafas foram vistas galopando, enquanto galos e grilos começaram a cantar e chilrear.

 

 

O eclipse solar também tem impactos sobre as emoções humanas, de acordo com o estudo “Os efeitos sociais de um incrível eclipse solar”. Eles provocam sentimentos de admiração nos seres humanos ao confrontarmos nosso minúsculo lugar dentro da vasta ordem cósmica. Assim, os indivíduos demonstram sentimentos mais "pró-sociais" uns com os outros após a experiência compartilhada.

 

 

Presos ganham ação

Presos em uma detenção em Woodbourne, em Nova York, entraram com uma ação judicial há alguns dias pela decisão de não os deixar sair durante o eclipse solar total desta segunda-feira. Todos eles, um batista, um muçulmano, um adventista do sétimo dia, dois xamãs e um ateu, alegaram que consideravam o eclipse um evento religioso e que o fato de serem impedidos de vê-lo violava seus direitos. No final, eles chegaram a um acordo com os funcionários da prisão e puderam assistir à passagem da Lua entre o Sol e a Terra.

 

 

Os eclipses totais ocorrem quando a Lua se localiza exatamente entre a Terra e o Sol, bloqueando temporariamente a luz do grande astro em pleno dia. O Sol é cerca de 400 vezes maior que a Lua, mas também está 400 vezes mais distante, então ambos parecem ter tamanhos semelhantes.

 

 

O último eclipse total que os Estados Unidos sofreram, em 2017, causou escassez de combustível, falta de cobertura telefônica em determinadas áreas e colapso de serviços, incluindo restaurantes, em áreas que multiplicaram sua população de uma só vez. O próximo eclipse total visível na região (excluindo o Alasca) ocorrerá em 2044. Antes disso, um eclipse total ocorrerá na Espanha em 2026.

 

 

Com informação da AFP , El País e The New York Time

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